Filme: O Cônsul de Bordéus
Link IMDb:
http://www.imdb.com/title/tt2075263/ Classificação 6,3 / 10
Sabia que foi transmitido pela RTP2 há dias, fui à procura dele no guia de TV e deixei gravado na box, aproveitando para o ver neste fim de semana.
Apesar de conhecer muito bem a história de Aristides de Sousa Mendes (o "Schindler" Português), e do seu acto heroíco, desafiando o poder salazarista e indo contra as suas ordens, para salvar milhares de judeus do holocausto, tinha alguma curiosidade em ver o filme, dado não ter conseguido vê-lo aquando da sua passagem pelas salas de cinema. E fiquei extremamente desiludido com este. Com uma história tão ou mais interessante do que a que Spielberg pegou, para fazer a lista de Schindler, esta longa metragem nacional, inspirada em factos verídicos, é francamente desmotivadora e desentusiamante. Claro que apesar da diferença abismal de orçamentos ser um dado a ter em conta, e nem podendo comparar a realização e produção de um produto de Hollywood com um filme nacional, ainda assim, acho que haveria muito por onde mexer, quer em termos de argumento, enquadramento, caracterização dos personagens, falas, cenários, etc....
Uma coisa que me irritou particularmente, logo desde início, numa história passada em diversos locais como Bélgica, França, Espanha e Portugal, todos os personagens, independentemente da sua origem ou nacionalidade, falarem Português. Depois a história em modo "narração" na primeira pessoa, em castelhano (uma enorme incongruência com o que refiro atrás), de um maestro judeu de origem polaca, salvo por Sousa Mendes na sua adolescência e que foi levado para a Venezuela, não encaixa com o resto, e parece-me muito forçada. Ver passagens em locais como Bordéus, Bayonne, fronteira de Irun (França-Espanha), porto de Antuérpia, etc... e darmo-nos conta que foi tudo filmado "cá no burgo" é francamente desmotivador para a "credibilidade" do filme. Ver ruas (supostamente) de Bordéus ou Bayonne, com casinhas em pedra do alto Minho não dá com nada! A figuração e personagens, com um guarda-roupa limitado, pouco cuidado e figurantes possivelmente arranjados "a pressão", que se vê que estão ali para encher a cena apenas, com movimentos pouco "naturais", dão pouca emoção, a uma história, que como disse, tinha tudo para fazer um grande filme.
Por fim.... o final do filme é mesmo muito forçado e nada verosímil, com um reencontro inesperado por intermédio de alguém que é apenas a personagem que entrevista o maestro e o faz desbobinar toda a história (e mais não digo, para quem queira ver).
Respeito a memória de ASM e tudo o que fez, com o seu acto e postura louvável, dando cabo da sua vida e posição política, para salvar outros que nada lhe eram... mas o filme pouco ou nada enaltece o que fez e como o fez.
Se fosse eu a atribuir-lhe uma pontuação IMDB, acho que não passaria de 4.