Quem anda à chuva, molha-se!
#1

Apesar de o clima e as estações do ano já não serem aquilo que eram, o Inverno está aí e cada vez se vêem menos motas sair à estrada. Os motivos são óbvios: a grande maioria dos motociclistas preza a qualidade de vida e o seu conforto, e não estão para fazer o trajeto casa/trabalho debaixo de chuva, com todas as implicações que isso acarreta. Sem juízos de valor, sobram uns quantos "malucos" a quem o trânsito da hora de ponta continua a parecer uma alternativa bem pior ou simplesmente prezam andar de mota faça chuva ou faça sol. Convenhamos que não é uma tarefa fácil, que com frequência obriga a recorrer uma série de apetrechos, desde a mota ao motociclista, que são tudo menos práticos ainda que servindo um propósito em particular.

[Imagem: shad-top-case-sh40-cargo.jpg]

A capacidade de transporte é uma delas. Seja com recurso à tradicional top case, ou com alternativas menos ofensivas à estética da mota, como ad malas laterais, alforges, sacos de depósito, mochilas, etc. No meu caso em particular, praticamente em todas as motas que tive instalei uma top case (e interiormente verti uma lágrima de cada vez que o fiz). A sua utilização já me beneficiou em certas situações (protegeu material caro em situação de queda/acidente) e já me prejudicou (cerca de 400 euros de material roubado do interior da mala). Em jeito de balanço, é algo muito prático para a utilização que lhe dou e da qual me custa hoje em dia abdicar.

[Imagem: 3530-Alpinestars-El-Nino-Motorcycle-Rain...-800-1.jpg]

O equipamento em termos de vestuário é outro elemento chave para manter um nível mínimo de conforto. Por muito bons que sejam os casacos e por muito que o material de que são feitos seja apregoado como impermeável, desde a pele ao goretex, nenhum deles resistirá a uma boa dose de chuva por tempo prolongado. Pode-se sempre optar por um fato adicional verdadeiramente impermeável com costuras vulcanizadas, daqueles que parecem ser feitos do material dos sacos do lixo, e que se veste em cima de tudo o resto que já levamos vestido. Implica mais alguns minutos a equipar/desequipar, mas pode fazer a diferença entre chegar completamente seco ou apenas razoavelmente seco ao destino. As luvas padecem do mesmo mal, sendo que além do nível de impermeabilidade existe também o problema do frio. Alguns companheiros que conheço recorrem a uma solução a que nunca experimentei, que é a de usar luvas de plástico ou mesmo latex por baixo das luvas de pele/sintéticas, o que protege eficazmente da água e do frio.

[Imagem: alpinestars_ridge_waterproof_boots.jpg]

O calçado também representa um desafio. Umas simples botas frequentemente deixam passar água poucos minutos depois de expostas à intempérie, pelo que calçado específico e também impermeável é imperativo, a não ser que se goste de andar com os pés molhados o dia inteiro. Calçado específico significa muitas vezes botas que acabam por dar nas vistas e que podem não se coadunar com alguns códigos de vestuário em particular, nomeadamente quem possa ter de andar de fato e gravata. As alternativas são andar com um par de sapatos atrás, arranjar umas botas impermeáveis que disfarcem bem, ou utilizar umas sobre-botas, que uma vez mais representam minutos adicionais ao equipar/desequipar.

[Imagem: s-l300.jpg]

A nível do capacete, as dificuldades também se fazem sentir. Capacetes abertos não são claramente uma boa opção. Mesmo com óculos e máscara, a coisa acaba por não correr bem. Optando por capacetes fechados, vários problemas se podem fazer sentir ainda assim. Respiradores abertos ou que não vedam bem e deixam entrar água, ou viseiras que ficam rapidamente embaciadas. Existem alguns sistemas para ajudar a evitar estas situações, como películas, sprays ou o famoso sistema de pinlock. Mas quando o problema não ocorre no interior do capacete, ocorre muitas vezes no exterior. Ao fim de algum tempo, e por mais que rodemos a cabeça como se um catavento fosse para expulsar as gotículas pelas laterais, a determinada altura isso deixa de acontecer, e amiúde acabamos por desistir e simplesmente ter de abrir a viseira para levar com a chuva e o resto da porcaria na cara numa tentativa desesperada de ver qualquer coisa. Se for à noite, é tudo muito mais interessante ainda.

[Imagem: Oil-colours.jpg]

Depois de nos protegermos o mais possível resta-nos rezar para que corra tudo bem, quando pegamos na mota para ir para o trabalho ou regressar a casa. O melhor é iniciar a viagem a pensar que o mundo inteiro conspira contra nós, e estar o mais atento possível aos obstáculos e dificuldades que se nos apresentem à frente. Com a chuva, além da já tradicional e irritante azelhice dos cidadãos automobilizados, há que ter atenção às partidas que a chuva proporciona. Se estradas de paralelos já secas são perigosas, molhadas são um desastre à espera de acontecer. O mesmo em relação aos carris dos elétricos, junções metálicas, tampas de esgoto e passadeiras ou outra sinalização aplicada no pavimento. Pensar que a chuva arrasta coisas, e muitas vezes locais que são habitualmente seguros podem de um momento para o outro tornar-se perigosos graças a detritos que são levados pela água. As poças de água misturada com óleo visível sob a forma de um líquido multicolor ou uma espuma branca, que adicionalmente podem esconder buracos, paus, pedras e outras coisas que facilmente nos deixam estendidos no meio do chão, se lhes tentarmos passar por cima.

[Imagem: Bridgestone_rain.jpg]

Para além da manutenção básica da mota, estado dos pneus, lubrificação da corrente, etc., o derradeiro recurso para que a prática do motociclismo à chuva decorra com um mínimo de conforto, em condições razoáveis de segurança e sem problemas de maior, somos nós próprios. Face a condições adversas, devemos adotar uma postura adequada no que diz respeito à estrada e à condução a praticar. As distâncias a considerar para ultrapassagens, paragens ou travagens de emergência serão sempre maiores. A sensibilidade do acelerador para arranques, reduções e outras manobras específicas terá de ser adequada. As inclinações e as aproximações/entradas/saídas de curva terão de ser ajustadas. Considerar que somos (ainda) menos visíveis, pelo que a antecipação em relação a tudo o que nos rodeia em geral tem de ser mais apurada, e só de nós depende isso e devemos isso a nós próprios, portanto, façam o favor de rolar em segurança, mesmo que encharcados até aos ossos, para não mencionar outras partes anatómicas frequentemente afetadas.

V
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#2

A top case realmente dá um aspecto a mota muito azeiteiro, ainda pior se for de pista mas dá um jeito incrível. Se ha algo completamente desconfortável é andar de capacete e com casaco vestido. Que no caso do meu casaco ainda tem um peso realmente considerável, de verão então se nao tivesse top case nem saia de casa com ele. Alias tendo top case ja sai varias vezes no verão sem ele. Andar com o capacete na mão é outro desconforto significativo. 

Para mim nao ter top case era um sofrimento bem grande ainda mais porque viajo na mota, ainda se desse voltas aqui e ali, parar para beber um café rápido e voltar mas eu gosto mesmo de parar a mota e ir passear 1h ou mais a pé, seja isso ou visitar um castelo, igreja e.t.c mas de casaco e capacete na mão? É para esquecer. 

Quanto ao resto nao comento! Gosto muito de mota, alias tenho 2 motas e sempre que as condições climatéricas ajudam, prefiro sempre me deslocar em 2 rodas que de carro, excepto à chuva. Da ai nao abdico do carro. Andar a chuva nao é so o desconforto de andar molhado, as possibilidades de acidente tornam se demasiado elevadas, mau uso do travão, buracos no asfalto que nao da para ver, curvas mal feitas, quase tudo serve para um gajo tratar o alcatrão por tu. Logo, agarrar na mota a chuva só o faço se nao tiver opção mesmo.
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#3

Nunca pus topcase (mesmo com o jeito que dá) porque não gosto de ver (yaaah casaco na mão e capacete as costas)....quanto à roupa, sim, ando de mota o ano todo. aliás, vim agora do trabalho :p bela chuvinha fria! neste momento só peco pelo casaco, está velho, descosido etc..precisa de novo! decidi usar o orçamento para peças para a menina! Digo já, o meu material de eleição é o GORETEX.... Muito bom! e o schuberth c3 pro para a carola é magnifico!! mesmo com balaclava, frio...exemplar, recomendo!

[Imagem: ibVN1KS.jpg]
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#4

Só custa a ficar molhado.

Muito bom tópico ó Vadio!
Ó Patrão, manda lá uma machadada para isto não se afundar com o tempo. thumbsup

Normalmente, quando chove, passo por toda essa metamorfose do enfuga.
A minha experiência ensinou-me que para deslocações curtas um fato impermeável de duas peças serve, é mais práctico e fácil de vestir.
No entanto, um fato de macaco impermeável é uma garantia de secura quando se trata de uma deslocação de longo alcance.

Devíamos referir que, estando encharcado em água, a tendência é para que a temperatura do corpo baixe e os primeiros a pagar a factura são os membros superiores e inferiores, provocando uma perda gradual de reflexos.

Seja em que condições climatéricas for, manter a temperatura corporal é vital para se conduzir com segurança.

I just don't run with the crowd!

www.loneriderendlessroad.com
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#5

Bom tópico!

Não merece muitos off-topic!

Honda CX 400 '83 Eurosport
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#6

Bom topico, sim senhor ! thumbsup

No meu caso a top case dá sempre jeito....ainda ontem andei a visitar um castelo durante cerca de 1 h....e capacete na mão, não muito obrigado !
Esteticamente, ficar bem ou não, dependerá do estilo de moto, e do gosto do dono....
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#7

Uma hora para visitar um Castelo!?

Tenrinho pá! devil

Tu pergunta ao Nunes como se faz pá!

Os RIMistas costumam usar a técnica da esplanada.
Sentam-se e esperam placidamente pelo pessoal que ficou a tirar fotografias! lol

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#8

Bom tópico.
Para determinadas situações, nomeadamente andar com capacete e ter deslocações a pé, comprei uma mochila específica para levar o capacete. É bastante pequena e dobrável, não ocupa muito espaço. Tem dois propósitos, evitar danificar o capacete, nomeadamente a viseira (que já me aconteceu ter de substituir), e caso tenha de visitar algum sítio ou deslocar-me a pé coloco na mochila e vai às costas, evitando assim eventuais desconfortos de o ter de levar na mão.
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#9

Ter de andar com capacete na mão? Porquê? think

[Imagem: agv-helmet-bag.jpg]

[Imagem: QKmafvp.png]
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#10

(08-01-2018 às 11:21)carlos-kb Escreveu:  Ter de andar com capacete na mão? Porquê?  think

[Imagem: agv-helmet-bag.jpg]

Mas esse sistema torna-se desconfortável ao fim de um tempo. Ainda assim uma relativa boa opção.
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