[Personalidades do Motociclismo] Alexandre Black
#1

Regressando à minha lista de personalidades do motociclismo, resolvi acrescentar um nome com o qual me deparei há uns tempos atrás num artigo da revista REV: Alexandre Black. O artigo despertou-me a curiosidade porque (assumindo a minha ignorância) nunca tinha ouvido falar deste piloto português, apesar do valente palmarés que apresenta no seu currículo. Merece por isso lugar de destaque nas personalidades do motociclismo.

Como não encontrei praticamente informação nenhuma nas pesquisa que fiz na net, optei por transcrever o artigo da dita revista e partilhar convosco este pedacinho de história do motociclismo português. Fiz uma breve revisão, mas se encontrarem algum erro no texto avisem para corrigir (o OCR não faz milagres). Espero que apreciem!

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Hoje temos o Miguel Oliveira, excelente piloto na classe máxima do motociclismo, de quem ainda muito esperamos, mas a memória coletiva é pouca e venho propor uma viagem ao passado e falar de Alexandre Black, vencedor absoluto dos GP de Barcelona, de Madrid, Bilbau e também lª no GP do Estoril em 500 cc.

Palavras Pedro Pinto // Imagem Arquivo

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O motociclismo teve nos anos 30 uma época gloriosa para Portugal com origem em 1919, exatamente há 100 anos atrás, logo após a 1ª Guerra, o lisboeta Henrique Lehrfeld que venceu o Campeonato de Motos em Espanha, antes de se virar para os automóveis e ser campeão, fez sonhar toda uma geração de jovens que, como Alexandre Black desejavam aventurar-se e ser corredores de motocicleta.
Em 1929, noventa anos atrás, o jovem atleta de remo e boxe, Alexandre Black, estreia-se em competição inscrevendo-se no II Quilômetro Lançado do Campo Grande na sua Ariel 550 cc de válvulas laterais importada pelo representante J. Brought, moto que foi o seu primeiro sonho dourado comprada quando fez 21 anos, em 1927,ano em que tirou a carta de condução, e paga com o dinheiro que ganhava na Casa A. Black, empresa do seu avô, em Lisboa na Rua da Boavista bem perto do bairro da Madragoa onde nascera. Aliás, foi aqui que Black viria a trabalhar toda a vida até à sua morte em 1980.
Black era um apaixonado pela mecânica e leitor atento da Motor-cycle, preparava bem a sua Ariel e quando se estreia na prova do Campo Grande consegue um tempo igual ao do experimentado Constantino Mouton Osório que era sem dúvida o nosso recordista mais famoso e detentor do recorde Paris-Lisboa e de tantos outros a nível nacional.
Na desforra, Black é o mais rápido na sua classe e é desafiado pelo importador da Indian, José Gonçalves da importante casa J.J. Gonçalves que tinha conseguido o melhor tempo na classe 750cc, mas a Indian é superior.
Em 1929, 1930 e 1931 correrá em Ariel e em Triumph 500cc com imensas peripécias. A maioria das provas serão de Quilómetro de arranque ou Quilómetro Lançado até que em julho de 1931 é fundado oficialmente 0 Moto Clube de Portugal Sul e Black faz-se sócio. É esta entidade que juntamente com 0 Moto Clube de Portugal Norte, fundado quatro anos antes, elaboram novos regulamentos para as provas desportivas, dando primazia aos circuitos fechados e citadinos. Organizam-se assim novos circuitos e fica decidido que anualmente os campeonatos nacionais serão disputados em duas provas: no Porto (Boavista) e em Aveiro. A rivalidade norte-sul já vinha desde o início do nosso motociclismo desportivo mas Black tenta estar presente em todas as provas e apercebe-se que tem de apostar numa nova máquina.

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Se na Prova do Quilómetro em 1930, realizado em Setúbal tinha ficado em 39 lugar, no ano seguinte, com uma multidão impressionante a assistir na Avª Luísa Tody, Black vence o lº Circuito de Setúbal onde estavam 24 concorrentes à partida, com o piloto oficial da Norton, Manuel Bramão logo atrás. Em 1931 destaca-se o 29 lugar conquistado no 19 Circuito Marechal Carmona na já cansada Ariel 550cc, atrás da Rudge Ulster de Mário da Rocha Teixeira, prova na categoria de Corrida após uma luta de gigantes com Inocêncio Pinto em Coventry Eagle 1.000cc. Na classe Sport o Engº Abel Pessoa de Cantanhede irá vencer em OEC 500cc. Estas provas tiveram pela primeira vez divulgação radiofónica em Portugal, o que tornou o motociclismo muito popular. O nome de Black e dos seus adversários já corria na boca do povo e muitos já faziam apostas, como no ciclismo.

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1932 começa com uma desistência com avaria no 1º circuito General Carmona deixando a vitória para o seu grande amigo António Jorge Teixeira, mas no mês seguinte vence no norte o II Circuito da Boavista já com a nova máquina mais rodada.
A 28 de Agosto de 1932 no III Circuito Motociclista do Centro de Portugal, realizado em Aveiro, Alexandre Black é consagrado Campeão N acional de 500cc, destronando o Campeão do Norte Mário da Rocha Teixeira após uma luta tremenda ao longo dos 150 kms de prova numa pista rapidíssima. 1932 será o ano em que Black com a sua nova Rudge TT se prepara para se internacionalizar com as provas do Tourist Trophy espanhol, vencendo ainda em território nacional várias corridas. Foi então que no 19 Circuito da Boca do Inferno, onde correndo em casa tudo apontava para que vencesse no traçado com 3.550 metros, cuja partida era dada junto ao atual Centro Cultural na Gandarinha, teve um dos maiores sustos da vida. Na lista de inscritos, todos os grandes pretendentes à vitória final alinharam com 5 motos Rudge 500cc, sendo que 4 pilotos optaram por correr em Norton com árvore de cames à cabeça. Com toda a alta sociedade presente a assistir ao desenrolar dos acontecimentos desportivos, nem faltou a presença do Presidente da República e dos seus ministros.

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Á última hora surge Mário da Rocha Teixeira, grande rival de Black que, não tendo tido tempo para treinar, apenas realizou uma volta à pista. Contudo, como ex-campeão que era, a organização autorizou a sua participação na grelha de partida.
0 arranque faz-se com as motos desligadas e a largada é dada pelo Conde Frederico Fontalva, Presidente do Moto Clube de Portugal Sul e é a Rudge de Mário a primeira a pegar, com o piloto a liderar a prova. No entanto, na 2ª curva à direita feita em plena aceleração, Mário que tinha Black logo na sua sombra resolve desacelerar e travar, ao aperceber-se da estreita ponte de Stª Marta em pedra, Black, que estava habituado a fazer aquela zona de punho enrolado, tenta desviar-se batendo na Rudge do campeão do norte e foi catapultado para o mar. Por sorte a maré estava cheia e Black mergulha em pleno oceano da única ponte que, segundo consta, tem o Atlântico por baixo. Porém, o embate é violento e parte uma clavícula, enquanto o piloto do norte vai contra o muro de pedra e fica em coma.

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O pior é que o hospital de Cascais com as poucas condições que tinha na altura teve o infeliz do Mário da Rocha Teixeira mais de 3 meses em coma. Felizmente este conseguiu recuperar e no ano seguinte voltou às corridas, até que em 1937, emigrou para o Brasil, onde veio a ser diretor da Volkswagen. Como fiscal de pista na prova de Cascais estava António Leitão de Oliveira, um jovem que tinha já um ótimo palmarés em motociclismo, mas que estava em recuperação à perna, e que ficou tão aflito com o sucedido que quedou-se petrificado com a bandeira trocada durante várias voltas, sendo que este acidente era suficiente para suspender a principal prova do cartaz mas Leitão de Oliveira, que veio a ser o 19 presidente da Federação Portuguesa de Motociclismo, em 1951 confessa que ficou em estado de choque até que, ao ver o seu amigo Black a galgar as pedras da ponte agarrado ao ombro todo encharcado sem os seus óculos graduados, conseguiu dizer estás vivo? E Black com a sua calma de costela escocesa respondeu-lhe “Sabes António, é preciso saber cair!” Várias vezes Leitão de Oliveira me confessou este trágico episódio da sua vida.

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DAS CORRIDAS NACIONAIS A0 TT ESPANHOL
Alexandre Black apesar de ainda se encontrar com a clavícula partida não prescinde de concorrer ao 19 TT espanhol. As maiores provas à época eram os TT. Cada país tinha um Tourist Trophy, a exceção era Portugal (que só em 1934 terá o seu 19 TT) e assim sendo, o nosso campeão nacional resolveu inscrever-se em 1932 no 19 TT de Bilbau. Mas para tal não poderia levar a sua fiel Ariel e resolve encomendar uma verdadeira moto de competição cliente, a Rudge “H de 500cc, importada pela Sociedade Comercial Portuense e vendida em Lisboa pela Garagem Olympique de José Martins.

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José Martins era mais velho do que Black e competia sempre em 250cc e sempre foi grande amigo deste, inclusivamente várias vezes companheiro de viagem às provas internacionais realizadas em Espanha onde também correu com muito mérito. Regressando ao TT de Bilbao, para contrariar as várias despesas, realizou-se uma subscrição pública organizada pelos seus amigos para conseguir que Black participasse na prova espanhola. Graças ao empenho de todos, o piloto arrancou em direção ao país vizinho, ao volante de um velho Citroen de 1920, tendo como companheiros de viagem o seu amigo José Campina e duas motos Rudge. A passo de caracol, lá vão eles estrada fora, com o ombro de Black ainda a dar sinais da anterior façanha em Cascais. A responsabilidade é grande pois vai representar Portugal e tem que provar aos portugueses que o patrocinaram.
Depois de fazer várias voltas ao circuito e após ter falado com o repórter da Motor-cycle percebe que este é um dos traçados mais duros da Europa, que incluía a Rampa da Castrajana recheada de perigosas curvas, onde estão inúmeros pilotos profissionais com suas motos de fábrica.

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Entre as dezenas de pilotos e centenas de quilómetros, Alexandre Black consegue um brilhante 69 lugar para Portugal, apesar da sua paragem de 5 minutos, pois a prova foi realizada sempre à chuva e o piloto teve que mudar a pressão aos pneus para aquelas condições.
Logo nesse ano, no Circuito Internacional de Guadalajara os portugueses A. Black em Rudge e Artur Jorge Teixeira em Norton fazem uma dobradinha, 19 e 29 lugar, ao fim de 457,156 kms & imprensa espanhola e o público começam a apoiar os pilotos portugueses, pois preferem que sejam estes a vencer face aos ingleses, aos franceses ou aos alemães. Na nossa imprensa Black é entusiasticamente homenageado e intitulam-no de “O distinto e intrépido motociclista Alexandre Black”.

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1933
Chega o ano de 1933 e Portugal tem finalmente o lº Circuito Internacional da Costa do Sol, organizado pelo Moto Clube de Portugal Sul, dirigido pelo Conde de Fontalva, com o apoio da Sociedade de Propaganda do Estoril. Para lançar a prova é feito um convite oficial à Federação Espanhola que aceita enviar uma verdadeira “Armada" com os seus melhores pilotos. A encabeçar & lista está Fernando Aranda o vice-campeão Europeu em Rudge TT 500cc, Luis Bejarano - campeão de Espanha com a Douglas bicilindrica de 500cc, Joaquin Vidal de Rigol de Barcelona numa Rudge 500, Javier Ortueta, oriundo de Madrid em Rudge 500, o António Móxó de Bilbau em Rudge 500, Juan Palacios, também do Pais Basco, em Douglas 500cc de dois cilindros.
Com uma pista bem sinuosa, cercada por uma multidão imensa, ansiosa por ver a prestação lusa contra a “Armada" espanhola, & corrida principal de 500cc internacional foi realizada depois de um grande despique entre Alexandre Black e o Vice-Campeão europeu Aranda. A prova acabou por ser coroada pela alegria das cores portuguesas, já que Black conseguiu mostrar a sua superioridade face a Aranda, sendo a 3ª posição entregue à Norton de António Teixeira. Aranda e Black ficaram eternos amigos, mas muitas mais vezes se iriam defrontar nas pistas que nem leões.

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Este lº Circuito Internacional do Estoril para Motos, foi segundo a imprensa da época, uma verdadeira lição para o A.C.P. que até à data não tinha conseguido organizar uma prova internacional com a categoria desta do MCP Sul. A 27 de Agosto, no IV Circuito do Centro de Portugal, Ângelo Bastos, o piloto de S. João da Madeira, com uma Rudge TT igual à de Black será eleito campeão nacional, apés uma vitória que se deveu em parte ao nevoeiro e humidade pois Black sempre correu com óculos graduados, já que sem estes não via nada e estes estavam sempre embaciados por baixo dos “googles”.
N este ano de 1933, e a nível internacional, há a destacar a vitória dos Lisboetas, Black vence no II Circuito Internacional de Guadalajara apés 457 kms de prova, realizada em 5 horas, e o seu amigo António Jorge Teixeira 29 numa Norton a 20 minutos.
A 3 de Setembro é 49 classificado na Rampa Internacional de Castrejana na qual saiu como vencedor o alemão Ernest Loof numa Imperia, com motor Rudge.

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Passado uma semana, no TT de Bilbau, é o seu amigo e rival Ângelo Bastos o melhor luso em 4ª posição final com Black em 5º e em 6º lugar ficaria António Teixeira numa prova duríssima ganha pelo Campeão Europeu Jimmy Guthrie numa Norton. Curiosamente, a imprensa britânica ao relatar a prova de TI salientou a brilhante prova dos três mosqueteiros portugueses.
No final da temporada de 1933 Black parte para o Reino Unido e vai ao Bike Show, onde contacta com vários fabricantes. Acaba por optar pelas melhores condições oferecidas pela Norton na classe de 500cc e pela Velocette nas 350cc, tendo o piloto de Lisboa visitado ambas as fábricas.

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1934
Alexandre Black começa o ano de 1934 a preparar a Norton, fascinado com o motor “camshaft”. Em abril, Barcelona é o primeiro destino da época desportiva, onde uma vez mais se desloca juntamente com o seu bom amigo José Campina. Em causa estava o II GP daquela cidade espanhola. sendo que nessa prova alinhou com o número 4 na sua moto. A sua corrida foi magnífica e ao fim de 151 kms corta a linha de meta em Sº lugar, tendo o então campeão da Europa Stanley Woods vencido na diabólica MotoGuzzi.
Black inscreve-se no fim-de-semana seguinte nos Campeonatos Motociclistas da Catalunha, tendo liderado durante os primeiros 100 quilómetros, mas foi ultrapassado pelo campeão espanhol Ernesto Vidal em Norton e acaba em 29.
Neste mesmo ano o MCP sul com apoio do ministro das obras públicas e comunicações Duarte Pacheco nos meses de Junho e Julho realiza em Lisboa duas provas no Circuito Parque Eduardo VII, numa pista bem mais emocionante que a anterior do Campo Grande, em ambas Black fica em 29 lugar, atrás de Ângelo Bastos em Rudge, provas que contaram com a presença de mais 30.000 espectadores.
Uma vez mais Ângelo Bastos sagrou-se Campeão Nacional de 500 cc ao vencer no Circuito de Aveiro, sempre com o noviço a atrapalhar Black que será vice-campeão nesse ano.

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A 3 de Setembro Alexandre Black, 0 “El Português”, como diziam “nuestros hermanos” vence o 19 GP de Bilbau, num circuito bem difícil, sendo que na semana seguinte assinou o 29 lugar na perigosa Rampa de Castrejana.
Já na prova máxima no Tourist Trophy Espanhol, pista que conta para o Campeonato da Europa, quando ia atrás do vencedor Jimmy Guthrie (Campeão da Europa) desiste por se ter rebentado o pneu traseiro nas últimas voltas.
Em Vila Real é organizada pela primeira vez uma prova internacional de motos, à semelhança do que se fazia há três anos com os automóveis. Era o nosso primeiro “Tourist Trophy” e Alexandre Black ficará para sempre para a história deste grande circuito como o seu primeiro vencedor em motos de 500 cc, com a Norton 500 cc.

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1935
O ano de 1935 começa em grande com o GP de Barcelona no dia 12 de maio na pista de Montjuic. A Velocette 350cc de Black com o nº 8 alcança um brilhante 2º lugar a 6 segundos do vencedor que corria numa Terrot de fábrica, Miguel Simó. Mas a prova rainha das 500cc foi sem dúvida a apoteose com a recuperação formidável de Black, com o nº 12, que no último segundo na última curva do circuito e após percorrer 151 kms atrás de Edward A. Mellors, o piloto oficial da NSU, ultrapassa-o por fora a todo o gás na última curva que em 1935 era em calçada e com carris no meio. Eis que Black vence a corrida por apenas um décimo de segundo de vantagem.
Passados 80 anos, a revista The Classic Motorcycle de Novembro de 2014 vem relembrar a derrota que os ingleses sofreram na fantástica prova que pôs ao rubro os mais de 80.000 espectadores que depois do “El Portugues” vencer a prova pegaram no radiante Black às cavalitas e levaram-no ao pódio em delírio pois afinal de contas era “nuestro hermano” que tinha vencido aos ingleses, alemães, franceses, suecos e espanhóis, muitos deles com motos de fábrica e o nosso piloto era simplesmente um privado que vinha de Lisboa no seu velho calhambeque a 40 km/h. Nesse dia em que os termômetros batiam quase nos 409, Black ficou rico com o 1º prémio nas 500 cc e um 29 prémio nas 350 cc.
Nesse mesmo ano de 1935 realiza-se o lº GP de Madrid em pleno mês de Agosto, com uma temperatura sempre a rondar os 409. A Velocette 350cc de Alexandre Black a0 Em de 140 kms de prova e após 1h e 26m em duelo com o campeão francês Boetch e o espanhol Gil é a grande vencedora, com o piloto de Lisboa a ser o grande mestre e a subir ao degrau mais alto do pódio.
Na classe de 500cc, “El Portugues” lidera, mas na 30ª volta a Norton sobreaqueceu, uma avaria frequente naquele tempo, e assim sendo será o espanhol Moxó a cortar a meta à frente do português Ângelo Bastos.
Já na prova disputada na fantástica pista do Parque Eduardo VII em Lisboa, o duelo entre Alexandre Black, a correr em casa, e Ângelo Bastos, natural de S. João da Madeira, leva o público ao delírio com a vitória de Black nas 350 cc e Bastos nas 500cc. Ângelo Bastos seria mais uma vez Campeão Nacional em 500cc e Alexandre Black daria sempre prioridade às provas internacionais.

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1936
Em 1936, com apenas 30 anos Alexandre Black desiste do motociclismo de competição pois decide casar e viverá o resto da sua vida no Estoril onde arrumou os cabedais e o capacete junto com as suas motos nas três pequenas garagens do seu jardim. Dedica-se a fazer algumas provas de automobilismo com o seu Jaguar e alguns ralis internacionais, como o de Monte Carlo e mais tarde será na Vela, onde foi campeão, que conseguiu grandes feitos, mas jamais tão grandes como conseguiu nos anos 30 nas motos pela Península ibérica.
Em 1936 com a Guerra Civil Espanhola e com a crise Europeia, e mais tarde com a II Guerra Mundial, o motociclismo esteve praticamente parado na Europa. Somente em 1949 com a criação do primeiro campeonato do mundo de velocidade é que o motociclismo voltou a florescer.
Mas infelizmente em Portugal, os anos de ouro da competição motociclista (anos 30) nunca mais voltaram e espero bem que voltem agora que temos o nosso Miguel Oliveira. Fica no ar uma pergunta: e se Alexandre Black não casasse tão cedo e não tivessem despoletado as guerras na europa será que Portugal teria tido o seu 1º Campeão europeu ou mesmo mundial?


Fonte: REV Motorcycle Culture
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#2

Alguns dos (poucos) links que encontrei entretanto, com escassas referências a Alexandre Black, e que partilho aqui:

https://www.sapo.pt/noticias/desporto/hi...982dd4fc7b
https://oestadodasartes.blogspot.com/201...o-vii.html
https://info65285.wixsite.com/meusite/si...O-DE-MOTOS
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#3

Muito bom Marco. thumbsup
Obrigado pela partilha.

Curiosamente, esta era daquelas coisas que nunca imaginaria... que há 90 anos atrás já tínhamos ases da velocidade em duas rodas. E mesmo tendo devorado várias publicações sobre motos, nestes últimos 25 anos, este nome nunca me havia "soado" (talvez sinal evidente dessa mesma escassez de info sobre este nome).

[Imagem: QKmafvp.png]
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#4

Será que nessa altura se atribuíam méritos as peças novas da mota!? devil
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