Bom, deixo aqui uma opinião retirada do site MotorCycleSports e que concordo a 100%
"O segundo lugar de Miguel Oliveira no Grande Prémio da Malásia assegurou-lhe o segundo posto no mundial de Moto2, um feito inédito no motociclismo português e que merece ser exaltado.
Antes de mais, foi agridoce. Agridoce no sentido em que o objetivo máximo era ser campeão e celebrar o vice-campeonato é um bem menor ao ver Francesco ‘Pecco’ Bagnaia assegurar o trono na categoria intermédia. Mas desengane-se quem olhar para este segundo lugar no mundial como um fracasso, até porque a meta era lutar pelo título e o português nunca baixou os braços e efetivamente lutou pelo título até à penúltima corrida.
Não há vitórias morais, claro, ainda para mais para um piloto com o talento como o de Oliveira, para quem tudo o que seja abaixo do topo é naturalmente curto. Mas não nos esqueçamos o sonho que Portugal viveu ao vibrar com os sucessos do almadense este ano se deveram a muito sangue, suor e lágrimas ao mais alto nível.
Algo similar aconteceu apenas uma vez na história do motociclismo português. Foi em 2015, quando Oliveira ficou a poucos pontos de vencer o mundial de Moto3. Danny Kent, o vencedor, não teve andamento após o título e após três anos de baixos e…baixos na Moto2, está sem assento para a edição de 2019 do mundial, enquanto Oliveira está a poucas semanas de testar a KTM RC16 com que vai atacar o mundial da classe rainha.
A moto que Falcão fez voar tem, recorde-se, apenas dois anos. A Kalex de ‘Pecco’ Bagnaia foi a grande rival, com um chassis com anos de desenvolvimento, não nos esqueçamos. E em pistas como a da Tailândia, não tinha referências de outros anos para comparar e ajudar a preparar o Grande Prémio, mas isso não impediu o luso de acabar no pódio, em terceiro.
Nas redes sociais muitos criticaram o piloto por não ter conseguido levar a luta pelo menos até à derradeira ronda, agarrados aos teclados e smartphones, ignorando os sacrifícios do piloto e equipa para ombrear com os melhores do planeta. A crítica é válida quando construtiva mas muitas vezes cai em saco roto. Quem diz que Oliveira corre poucos riscos decerto não se recorda das recuperações incríveis a correr riscos desde os primeiros metros, por exemplo…riscos esses que nunca vimos Bagnaia correr, por exemplo.
Em 17 corridas o homem da KTM nunca ficou fora dos pontos e tem apenas uma corrida fora do top dez, por exemplo…e tem 11 pódios a uma corrida do fim, dois deles no mais alto degrau. O pior resultado até ao momento é um 11.º lugar! Quando em 17 corridas apenas três vezes ficou fora do top cinco, pouco mais há a dizer…apenas realçar o crescimento do jovem de 23 anos, que fez a época mais consistente e regular da carreira.
Os arautos da desgraça, mal habituados, são, felizmente, em muito ultrapassados pela maioria que apoia incondicionalmente um símbolo nacional que tem levado o nome de Portugal a todos os cantos do mundo. Randy Mamola, por exemplo, é uma das maiores estrelas entre as estrelas e nunca venceu um mundial, caros haters. Ninguém será mais crítico de Miguel Oliveira que o próprio piloto, que com esforço, dedicação, empenho, talento e muito trabalho, tem trilhado um caminho incrível num mundo competitivo onde nenhum português ousou chegar.
O País galvanizou-se a cada momento com Miguel Oliveira em cima da sua KTM. Nunca antes um piloto português tinha feito o que Miguel Oliveira tem feito. Neste momento, somando os pontos nos dois últimos anos, Oliveira tem 513 e Bagnaia tem 478. É certo que Bagnaia tem sido implacável na frente, cometendo poucos erros, ele que está no seu segundo ano na classe enquanto Oliveira está no segundo ano nesta KTM.
Este é um segundo lugar que me faz, enquanto adepto, levantar-me e aplaudir o número 44. Miguel Ângelo Falcão de Oliveira despertou quase sozinho a atenção de um País para uma modalidade que vai explodindo em Portugal e onde a Oliveira Cup merece também ela um aplauso. As qualificações foram quiçá o seu tendão de Aquiles, mas o lado bom das mesmas é que o obrigaram a ser ainda mais acutilante nos domingos.
Por isso obrigado Miguel Oliveira. Obrigado por mais um ano de alegrias e muitos sucessos, e que a última corrida do ano – e da carreira nesta classe – seja acompanhada por um resultado que reflita a tua grandeza nestes três anos na Moto2. Obrigado por nos fazeres acreditar e voares em pista empurrado pela crença de um País e um talento que não pára de crescer. Obrigado por não baixares os braços perante as adversidades e por nos emocionares sempre que A Portuguesa é entoada por tua ‘culpa’ nos mais variados circuitos do planeta."
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