18-11-2016 às 16:53
Um conjunto de sinais que têm vindo a público começa a alertar-nos para uma maior proximidade do futuro da mobilidade elétrica do que aquela que seria previsível até há pouco tempo atrás.
Uma recente notícia vinda da Alemanha diz-nos que a partir de 2030 o fabrico e venda de veículos movidos a gasolina ou diesel será proibida nesse país e que previsivelmente em 2050 nenhum veículo movido a combustíveis fósseis poderá aí ser utilizado.
Os governos holandês e norueguês estão a estudar a possibilidade de proibir a venda de carros de motor de combustão e apenas permitir veículos elétricos a partir de 2025.
A maior construtora de motociclos europeia, a BMW, já tem uma data concreta para lançar as séries especiais dos modelos equivalentes às atuais R 1200 GS, K 1600 GT ou S 1000 RR – o ano de 2029. Estas serão uma "Last Edition" numerada, e deverão ter um preço proibitivo.
Terão um período de validade e de 20 anos e no fim deste período serão sacrificadas no altar da sustentabilidade, e passarão a estar em museus e garagens empoeiradas, porque circular em estradas… nunca mais.
É verdade que fabricar uma BMW R 1200 GS elétrica hoje é impossível. Este modelo representa o paradigma de mota virada para a aventura, feita para trabalhar continuamente enquanto o seu condutor resistir, precisando de poucas paragens para reabastecer, dado o seu depósito e grande autonomia.
Por outro lado, a Volkswagen anunciou, esta sexta-feira, que vai cortar 30.000 postos de trabalho em todo o mundo nos próximos anos e apostar no desenvolvimento de carros elétricos.
A maioria dos despedimentos, 23.000, vai acontecer na Alemanha.
Em conferência de imprensa, o presidente executivo da Volkswagen, Matthias Muller, referiu que se trata do “maior programa de reformas da história da marca” e que irá “tornar a Volkswagen eficiente, produtiva e competitiva”. Um programa que, “simultaneamente, permite à marca desenvolver as tecnologias e tendências que vão desenhar o futuro da indústria automóvel”.
Com os cortes, a Volkswagen espera poupar 3,7 mil milhões de euros por ano, até 2020. 3,5 mil milhões vão ser reinvestidos na produção de veículos elétricos.
Isto do lado europeu…
Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, encontra-se a mais que provável razão para esta aceleração dos construtores europeus em direção à mobilidade elétrica.
O seu nome é Tesla.
A Tesla aunciou em Outubro um novo automóvel. Em poucos dias, a marca americana teve mais de 250 mil encomendas e Elon Musk pôde sorrir com confiança sobre o futuro da sua marca automóvel que ainda não completou 15 anos de mercado.
E não só isso: cada pretendente ao Model 3 teve de pagar 1 000 dólares pela reserva do carro que só vai ser entregue algures no próximo ano.
Tesla Model 3
A pergunta que se pode fazer é o porquê de se considerar este modelo automóvel assim tão importante. Na verdade, o Model 3 representa, para a Tesla, a massificação do carro elétrico.
Trata-se de um carro com um preço que começa nos 35 000 dólares – e que por cá deverá ser vendido por um pouco acima dos 40 mil euros. Mas não é como os elétricos que nos começamos a habituar a ver nas cidades. Este é um automóvel para todos os que (como eu) só admitem trocar o motor de combustão por um elétrico capaz. Ou seja, com desempenho. E, nessa vertente, este Tesla cumpre. Afinal, tem o aspeto luxuoso dos modelos superiores, consegue chegar aos 100 km/h em apenas 6 segundos e tem uma autonomia anunciada de 350 km. Mas faz mais. Quem comprar um Model 3 vai ter acesso ao Autopilot, o sistema que congrega uma série de sensores e software, que permite ao carro conduzir-se sozinho.
A Tesla encontrou e desenvolveu uma solução a que chamou supercharger (super carregador), estações de alta capacidade (120 kW) capazes de carregar metade da bateria em 20 minutos — o tempo de uma paragem numa estação de serviço na autoestrada para tomar um café.
Mas mesmo o fundador da Tesla, Elon Musk, vai ter que engolir as suas próprias palavras.
O CEO da Tesla já classificou como “bullshit” os modelos elétricos que têm por base a tecnologia de células de combustível a hidrogénio. Agora, foi precisamente recorrendo a essa solução no Clarity que a Honda viu a Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) – a entidade responsável pela realização dos testes de consumo oficiais a todos os automóveis comercializados no país – reconhecer que o modelo nipónico oferece uma autonomia de 589 km. Por outras palavras, melhor que o mais generoso dos Tesla em termos de alcance, o Model S P100D, cuja bateria de 100 kWh lhe permite uma autonomia de 506 km, no ciclo da EPA (613 km no ciclo da União Europeia).
Honda Clarity
Por outro lado, com a validada autonomia de 589 km, o Honda Clarity bate o seu rival directo no mercado norte-americano, o Toyota Mirai, proposta igualmente nipónica que também recorre a fuel-cells, mas cuja autonomia se fica pelos 516 km.
De acordo com os dados fornecidos pelo fabricante, o Clarity consegue um consumo médio de hidrogénio na ordem dos 28,9 l/100 km, com o abastecimento a ser feito com recurso a mangueiras especiais, embora demorando menos que cinco minutos. Quanto à autonomia utilizando apenas as baterias, está fixada em 82 km.
Note-se que a Honda apenas aceita encomendas para o Clarity de clientes que vivam ou trabalhem num raio de 160 km de uma estação de abastecimento de hidrogénio.
Toyota Mirai
Toda esta evolução ao nível dos automóveis terá uma forçosa consequência ao nível das motas.
E a ®evolução já está a chegar por via da Zero.
Para 2017, a Zero Motorcycles anunciou que os seus modelos Zero S and Zero SR models serão as primeiras motas elétricas de produção em série a ultrapassar as 200 milhas de autonomia com uma única carga (321,8 km).
Zero está igualmente a lançar uma aplicação móvel gratuita que permite configurar a performance, permitindo a alteração das configurações para máximo binário, potência, e travagem regenerativa.
Também permite os proprietários de motas Zero actualizarem o firmware da sua mota, evitando idas à concessionária. E cada bateria de iões de lítio tem uma garantia de 5 anos com quilometragem ilimitada.
Zero SR 2017
Zero S 2017
Nos Estados Unidos, os modelos da Zero irão estar à venda entre 8,495 e 15,995 dólares.
Parece, assim, que a revolução elétrica, mais do que estar em marcha, está a assumir uma velocidade que irá gerar mudanças exponenciais ao nível do paradigma da mobilidade elétrica.
Resta saber se a velocidade da mudança que se irá dar ao nível automóvel será a mesma ao nível das motas.
O que vos parece que irá acontecer no mercado das motas nos próximos anos?
Uma recente notícia vinda da Alemanha diz-nos que a partir de 2030 o fabrico e venda de veículos movidos a gasolina ou diesel será proibida nesse país e que previsivelmente em 2050 nenhum veículo movido a combustíveis fósseis poderá aí ser utilizado.
Os governos holandês e norueguês estão a estudar a possibilidade de proibir a venda de carros de motor de combustão e apenas permitir veículos elétricos a partir de 2025.
A maior construtora de motociclos europeia, a BMW, já tem uma data concreta para lançar as séries especiais dos modelos equivalentes às atuais R 1200 GS, K 1600 GT ou S 1000 RR – o ano de 2029. Estas serão uma "Last Edition" numerada, e deverão ter um preço proibitivo.
Terão um período de validade e de 20 anos e no fim deste período serão sacrificadas no altar da sustentabilidade, e passarão a estar em museus e garagens empoeiradas, porque circular em estradas… nunca mais.
É verdade que fabricar uma BMW R 1200 GS elétrica hoje é impossível. Este modelo representa o paradigma de mota virada para a aventura, feita para trabalhar continuamente enquanto o seu condutor resistir, precisando de poucas paragens para reabastecer, dado o seu depósito e grande autonomia.
Por outro lado, a Volkswagen anunciou, esta sexta-feira, que vai cortar 30.000 postos de trabalho em todo o mundo nos próximos anos e apostar no desenvolvimento de carros elétricos.
A maioria dos despedimentos, 23.000, vai acontecer na Alemanha.
Em conferência de imprensa, o presidente executivo da Volkswagen, Matthias Muller, referiu que se trata do “maior programa de reformas da história da marca” e que irá “tornar a Volkswagen eficiente, produtiva e competitiva”. Um programa que, “simultaneamente, permite à marca desenvolver as tecnologias e tendências que vão desenhar o futuro da indústria automóvel”.
Com os cortes, a Volkswagen espera poupar 3,7 mil milhões de euros por ano, até 2020. 3,5 mil milhões vão ser reinvestidos na produção de veículos elétricos.
Isto do lado europeu…
Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, encontra-se a mais que provável razão para esta aceleração dos construtores europeus em direção à mobilidade elétrica.
O seu nome é Tesla.
A Tesla aunciou em Outubro um novo automóvel. Em poucos dias, a marca americana teve mais de 250 mil encomendas e Elon Musk pôde sorrir com confiança sobre o futuro da sua marca automóvel que ainda não completou 15 anos de mercado.
E não só isso: cada pretendente ao Model 3 teve de pagar 1 000 dólares pela reserva do carro que só vai ser entregue algures no próximo ano.
Tesla Model 3
A pergunta que se pode fazer é o porquê de se considerar este modelo automóvel assim tão importante. Na verdade, o Model 3 representa, para a Tesla, a massificação do carro elétrico.
Trata-se de um carro com um preço que começa nos 35 000 dólares – e que por cá deverá ser vendido por um pouco acima dos 40 mil euros. Mas não é como os elétricos que nos começamos a habituar a ver nas cidades. Este é um automóvel para todos os que (como eu) só admitem trocar o motor de combustão por um elétrico capaz. Ou seja, com desempenho. E, nessa vertente, este Tesla cumpre. Afinal, tem o aspeto luxuoso dos modelos superiores, consegue chegar aos 100 km/h em apenas 6 segundos e tem uma autonomia anunciada de 350 km. Mas faz mais. Quem comprar um Model 3 vai ter acesso ao Autopilot, o sistema que congrega uma série de sensores e software, que permite ao carro conduzir-se sozinho.
A Tesla encontrou e desenvolveu uma solução a que chamou supercharger (super carregador), estações de alta capacidade (120 kW) capazes de carregar metade da bateria em 20 minutos — o tempo de uma paragem numa estação de serviço na autoestrada para tomar um café.
Mas mesmo o fundador da Tesla, Elon Musk, vai ter que engolir as suas próprias palavras.
O CEO da Tesla já classificou como “bullshit” os modelos elétricos que têm por base a tecnologia de células de combustível a hidrogénio. Agora, foi precisamente recorrendo a essa solução no Clarity que a Honda viu a Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) – a entidade responsável pela realização dos testes de consumo oficiais a todos os automóveis comercializados no país – reconhecer que o modelo nipónico oferece uma autonomia de 589 km. Por outras palavras, melhor que o mais generoso dos Tesla em termos de alcance, o Model S P100D, cuja bateria de 100 kWh lhe permite uma autonomia de 506 km, no ciclo da EPA (613 km no ciclo da União Europeia).
Honda Clarity
Por outro lado, com a validada autonomia de 589 km, o Honda Clarity bate o seu rival directo no mercado norte-americano, o Toyota Mirai, proposta igualmente nipónica que também recorre a fuel-cells, mas cuja autonomia se fica pelos 516 km.
De acordo com os dados fornecidos pelo fabricante, o Clarity consegue um consumo médio de hidrogénio na ordem dos 28,9 l/100 km, com o abastecimento a ser feito com recurso a mangueiras especiais, embora demorando menos que cinco minutos. Quanto à autonomia utilizando apenas as baterias, está fixada em 82 km.
Note-se que a Honda apenas aceita encomendas para o Clarity de clientes que vivam ou trabalhem num raio de 160 km de uma estação de abastecimento de hidrogénio.
Toyota Mirai
Toda esta evolução ao nível dos automóveis terá uma forçosa consequência ao nível das motas.
E a ®evolução já está a chegar por via da Zero.
Para 2017, a Zero Motorcycles anunciou que os seus modelos Zero S and Zero SR models serão as primeiras motas elétricas de produção em série a ultrapassar as 200 milhas de autonomia com uma única carga (321,8 km).
Zero está igualmente a lançar uma aplicação móvel gratuita que permite configurar a performance, permitindo a alteração das configurações para máximo binário, potência, e travagem regenerativa.
Também permite os proprietários de motas Zero actualizarem o firmware da sua mota, evitando idas à concessionária. E cada bateria de iões de lítio tem uma garantia de 5 anos com quilometragem ilimitada.
Zero SR 2017
Zero S 2017
Nos Estados Unidos, os modelos da Zero irão estar à venda entre 8,495 e 15,995 dólares.
Parece, assim, que a revolução elétrica, mais do que estar em marcha, está a assumir uma velocidade que irá gerar mudanças exponenciais ao nível do paradigma da mobilidade elétrica.
Resta saber se a velocidade da mudança que se irá dar ao nível automóvel será a mesma ao nível das motas.
O que vos parece que irá acontecer no mercado das motas nos próximos anos?
Honda CX 400 '83 Eurosport