Andar de mota - quando viajar ganha outro significado
#1

No livro “Extremo Ocidental”, do repórter Paulo Moura, lançado em Maio deste ano, o autor descreve uma viagem de mota pela orla costeira portuguesa feita de mota, com um bloco de notas e uma tenda, de Caminha a Monte Gordo.

Sobre o livro, diz o Paulo Moura:

"As viagens são diferentes consoante o veículo que utilizamos. O veículo acaba por ser a viagem. É completamente diferente fazer essa viagem de carro ou de bicicleta, a pé ou de comboio. As coisas que se vêem são diferentes, as sensações são diferentes. Há uma espécie de ritmo que o veículo impõe à viagem e que transforma a própria realidade. A viagem de mota é incomparável a uma viagem de carro ou de comboio em que não se vê nada".

Perguntado se a experiência de viajar de mota é semelhante à de um peregrino, aquele responde que "a experiência do peregrino é outra. (...)
A mota tem esse lado de um certo ponto de vista parecido com o peregrino porque é muito próximo da realidade. Num carro vamos sempre numa espécie de casa ambulante. Numa mota estamos sempre muito metidos na realidade, temos de sentir o frio, o calor, o vento e os mosquitos".

As histórias vividas durante a viagem incluem um casino numa aldeia, uma capela que desapareceu misteriosamente, a última noite de uma discoteca de praia, um parque de campismo proibido a campistas, uma comunidade de amor livre, um homem que vive sozinho numa ilha, ou um pescador que comunica com os peixes.

E vocês? Que experiências fora do comum já tiveram a andar de mota?

Identificam-se com as palavras do autor?

Honda CX 400 '83 Eurosport
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#2

Camarada Magjet...

para mim andar de mota é tão bom como lavar a mota, desmontar gaja e fazer-lhe as manutenções, depois ir andar com ela novamente... meter-lhe "zargolina"... e voltar a sair... tirar-lhe uma foto e tal... parar num tasco e pedir uma bifana, sentar-me e ficar a olhar para ela... mano... qualquer coisa que envolva ter de estar perto de minha querida "marreca"... é sempre muito bom... para mim andar com ela não chega... isso fazia-o com qualquer mota... com esta que tenho ando com ela e faço mais um monte de coisas.... percebes-me? blink

[Imagem: SM4eYt9.png]
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#3

Também tenho este livro, e gostei bastante. Não me revejo muito naquilo que o Paulo Moura fez, em termos de uma "viagem de mota". O que ele fez torna a história interessante, porque lhe dá material de escrita sobre lugares, acontecimentos e pessoas. Mas (tirando alguns apontamentos que faz pelo meio, sobre o assunto) acaba por tirar um pouco a "mota" da "viagem".

Nas viagens que fiz (de mota), invariavelmente, quando me quedava muito tempo num local começava a sentir "comichões", e passado um bocado já estava a pensar "bora lá andar de mota". E sei de uns quantos companheiros aqui do fórum que partilham da mesma doença... smile

Mas é verdade que são os ditos lugares, acontecimentos e pessoas que fazem as histórias que depois guardamos para contar. E até determinam os lugares que acabamos por visitar. Recordo-me p.ex. de, em 3 dias em que rolei pelo norte e no meu desconhecimento da região, aquele velhote que me serviu um rosé fresquinho em frente à Casa de Mateus, e que em dois dedos de conversa fez com que me desviasse do caminho que tinha traçado, para visitar Provesende. Acabou por ser um dos locais que boas memórias me deixou!

[Imagem: provesende_zpsp0ilh3on.jpg]
[Imagem: provesende2_zpsyngmvhtw.jpg]
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#4

(26-11-2016 às 09:45)marco.clara Escreveu:  Nas viagens que fiz (de mota), invariavelmente, quando me quedava muito tempo num local começava a sentir "comichões", e passado um bocado já estava a pensar "bora lá andar de mota". E sei de uns quantos companheiros aqui do fórum que partilham da mesma doença... smile

Mas é verdade que são os ditos lugares, acontecimentos e pessoas que fazem as histórias que depois guardamos para contar. E até determinam os lugares que acabamos por visitar. Recordo-me p.ex. de, em 3 dias em que rolei pelo norte e no meu desconhecimento da região, aquele velhote que me serviu um rosé fresquinho em frente à Casa de Mateus, e que em dois dedos de conversa fez com que me desviasse do caminho que tinha traçado, para visitar Provesende. Acabou por ser um dos locais que boas memórias me deixou!

Revejo-me completamente com esse tipo.de experiências.
E, já agora, não tenho memória de já ter passado por Provesende. Vai para a lista.

Honda CX 400 '83 Eurosport
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#5

Ora bem, uma que me lembro bem foi no ano passado na estação de serviço de Montemor-o-novo ao irmos para as nossas férias encontramos um casal já mais velho, ele português e a senhora espanhola que meteram conversa connosco, principalmente a senhora que gostava muito de motas. Partimos um pouco antes e ao passarem por nós já na estrada a senhora começou a filmar uma primeira vez, e depois começaram a andar mais devagar de modo a passarmos e tirar-nos fotografias! Uma situação diferente mas engraçada.

Outra foi em França ao anoitecer, a entrar em uma floresta começou a chover muito e estando um nevoeiro cerrado, e não tínhamos nada para a chuva, vimos uma casa com um tipo de garagem aberta e parei lá a mota. Com o barulho a família veio à janela ver o que se passava. Pedi-lhes desculpa por parar sem permissão que estávamos só à espera que a chuva acalmasse um pouco. Acho que não perceberam muito (falei em Inglês, não sei Francês) do que dizia e um pouco receosos devem ter percebido que era por causa da chuva e deram a entender-nos por gestos que podíamos ficar.

Existem muitas outras mais mas não vou encher o tópico de histórias. blink No geral as pessoas ficam admiradas de termos ido de tão longe de mota, metem conversa, etc. É uma forma diferente de se viver uma viagem e as pessoas também se relacionam de forma diferente por isso. smile bigsmile
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#6

Viajar de mota!?
Isso não vale nadinha!

Essa coisa de andar sempre a fazer parte da paisagem não tem pica nenhuma.

Aquela ansiedade que te faz sair às 2h da manhã de casa é frustrante.

Essa tranquilidade que se sente quando,  por fim te montas na moto e sentes o ar na tromba....
....e começas a contar os traços descontínuos da estrada......
...de forma decrescente....
.....principalmente quando não tens destino!
Impagável pá!

Essas paragens para ver um monumento , as intermináveis visitas guiadas, a descoberta de um povo medieval, aquele penhasco sem fundo, tudo isso que nos obriga a parar e contemplar tem uma recompensa no fim.
Voltar a montar de novo na Mota!

Em Março deste ano fiz o Caminho e a peregrinação tomou outra dimensão para mim, pois Artax demonstrou que também se pode viajar espiritualmente encima de uma moto.
Mais que isso, viajar em moto é a vertente mais espiritual do culto da moto.

Ontem saí ao monte com Artax e....
Hoje tenho os ombros e braços todos doridos,  mas sinto-me ansioso para voltar a perder-me pelo monte!

I just don't run with the crowd!

www.loneriderendlessroad.com
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