Módulo I O primeiro módulo em que participei decorreu num parque de estacionamento em Mafra onde habitualmente decorre o mercado. O dia inteiro seria aí passado, já que este módulo é totalmente pensado para circuito fechado. O grupo (bem grandinho) foi-se gerando à chegada de cada mota.
Eu cheguei um pouco mais cedo e tive a oportunidade de tomar o pequeno-almoço e conversar com os instrutores no café em frente ao parque, onde também habitualmente a malta se junta a meio do dia para o intervalo do almoço.
Enquanto acabava o pequeno-almoço, os instrutores foram para o parque e começaram a definir vários circuitos com cones e obstáculos, para os diferentes tipos de exercício que seriam realizados ao longo do dia. Estes diferentes circuitos têm objetivos específicos, como manobrar a mota a baixa velocidade, treinar a travagem de emergência, realização de “slaloms”, os célebres oitos, mas com um “twist”, entre outros. Enquanto os instrutores terminavam a preparação dos circuitos, a malta ia fazendo o “check-in” no estaminé já montado onde o patrocínio da Yamaha sobre esta iniciativa era bastante evidente…
As motas que os instrutores utilizam durante a formação são alguns modelos da Yamaha, que à data incluíam uma MT07, uma XSR900, uma T7 e até uma Nikken. Os instruendos fazem a formação nas suas próprias motas, o que acresce algum risco na realização da mesma, mas também pode ter a vantagem de ajudar a conhecer melhor o bicho que montamos e até onde podemos ir com ele em alguns detalhes. Para aqueles que terminam o dia a achar que a mota que têm é uma merda, a equipa disponibiliza os modelos da Yamaha para "test ride" após a conclusão da formação. Neste caso houve um jovem que levou uma Royal Enfield do século passado a cair de podre que não estava propriamente em condições para fazer alguns dos exercícios (engasgava-se em baixa rotação) e acabou por fazer os mesmos com a XSR, mota pela qual se apaixonou.
Feito o "check-in", seguiu-se uma demonstração em sequência dos vários circuitos montados, por parte dos instrutores, com um grau de precisão, coordenação e sincronismo tal que dá vontade de bater palmas no final. De facto, é malta que sabe e não está ali apenas a debitar teoria. Finda a demonstração, mandam a malta pegar nas motas e distribuem-nos por grupos. No caso, foram criados 4 grupos de 5 elementos cada, cada um com o seu instrutor dedicado e com o circuito respetivo determinado. Ao longo do dia iríamos rodar entre os vários circuitos para treinar as diferentes vertentes da formação.
Enquanto a malta se agrupava, dei por mim a pensar que, na maioria dos casos, aquilo era rapaziada equipada para ir dali diretamente para o Tibete, o que não me parecia a melhor abordagem para uma formação deste género. Isto viria a comprovar-se uns 5 minutos depois de começarmos a rolar, com a primeira (de muitas) motas a irem parar ao chão. Uma AT novinha com os devidos malões de alumínio montados, à semelhança de muitas outras que por ali andavam… parece que manobrar mamutes de carga a baixa velocidade não é a coisa mais fácil do mundo (ou se calhar… até é – conforme se poderia comprovar ao longo do dia). Ainda assim, por momentos dei por mim a recear meter as primeiras marcas de guerra na F, coisa que felizmente e no meu caso não viria a acontecer.
O curso seguiu a bom ritmo durante a parte da manhã, sem grande conversa nem tempos mortos. É uma formação com caráter bastante prático, o que é bom. Os instrutores estão sempre em cima de nós, atentos ao mais pequeno pormenor. “Tira a mão do travão!”… “Larga a embraiagem!”… “Todos os dedos na manete!”… “Deixa rolar!”… entre outras expressões vão-nos sendo bombardeadas ao longo do dia, até que entre alguma coisa. Os vícios são lixados, como o de manter sempre um ou dois dedos nas manetes. Mas curiosamente um dia de treino é suficiente para deixar uma “semente” no nosso cérebro, que nos pode ajudar a mudar alguns hábitos de forma mais duradoura.
No decorrer do almoço há oportunidade para descontrair um bocado. Além de termos a oportunidade de conversar uns com os outros e falarmos sobre aquilo que fizemos durante a manhã, há espaço para a malta contar algumas histórias de guerra (daquelas à berdadeiro) e falar sobre os locais remotos por onde já viajaram. E acreditem que num grupo de 20 pessoas haverá sempre histórias interessantes de se ouvir.
Durante a parte da tarde os exercícios práticos continuam, havendo no entanto lugar a mais algumas explicações e demonstrações sobre outros tópicos, como os tipos e utilização de equipamento de proteção individual (EPI), uma demonstração sobre a utilização de casacos e coletes com airbag para motociclistas (com direito a teste!) e até algumas tarefas de manutenção que vão desde a lubrificação de uma corrente à reparação de um furo. Tudo isto é feito de forma interessante e interativa, e nada aborrecida.
No final de um dia inteiro a andar de mota a baixa velocidade e a fazer circuitos com curvas e contracurvas apertadas, slaloms, oitos, etc. o cansaço começa a fazer sentir-se, na mesma medida que o grau de satisfação. Em muitos casos é evidente uma evolução significativa e isso deve ser a maior recompensa para quem realiza estas ações. O dia termina com um “wrap up” entre formandos e instrutores dando lugar aos test rides para quem neles estiver interessado, seguido das despedidas com o “pack” de oferta do ACM, que inclui um certificado do curso e uns “tóclantes” que dão mais 2 cv a cada mota.
(Continua…)
Nota do autor: não tenho muitas fotos em que apareça gente a andar de mota, porque não houve vagar... estava muito ocupado a fazer os exercícios para tirar fotografias... no entanto no facebook encontram-se várias fotos e vídeos das ações que se vão realizando, pelo que deixo vos convido a visitar a página do ACM2R para conhecerem melhor.