Mecãnica - Cuidados especial na compra de uma moto
#1

Boas malta
Estou a pensar comprar uma moto usada, mas sou um pouco leigo a nível de mecânica! Sei que o ideal seria ver a moto com algum mecânico amigo, mas poderei não ter essa oportunidade!
Quais são os principais pontos a ter em atenção antes de tomar qualquer decisão?

Cump. e obrigado
Responder
#2

Teres paciência...

[Imagem: SM4eYt9.png]
Responder
#3

(02-01-2017 às 00:30)nelsonajm Escreveu:  Teres paciência...

Paciencia?
Assim como?
Responder
#4

paciência que apareca bons negócios! lol

Veres se a mota ao ralentim nao tem algum barulho esquisito e se trabalha bem e nao se engasga. Veres se a embraiagem nao pega muito em cima e esta no fim de vida, dar uma vista de olhos na transmissão se está bem cuidada e tudo o mais, quando fores dar uma volta aperta um pco com ela, tenta meter todas as mudanças a ver se nenhuma salta. Mete a mota a trabalhar e deixa assim estar durante um tempo, para ver se nao aquece mais do que devia, se a ventoinha esta a bulir. E um pco por ai. Mesmo vendo isto tudo poderá haver coisas que é mesmo uma questão de sorte e so se poderão manifestar mais tarde. Acima de tudo analisa bem com quem fazes negocio e a conversa do artista que te esta a vende-la.

Nisto tudo tb ainda sou um pco leigo nesta cenas mas tenho vindo a aprender e espero aprender cada vez mais nao só de conduzir a mota mas como cuidar dela nos aspectos mecânicos mais simples. É sempre uma mais valia.
Responder
#5

(02-01-2017 às 07:05)Nfilipe Escreveu:  paciência que apareca bons negócios! lol

Veres se a mota ao ralentim nao tem algum barulho esquisito e se trabalha bem e nao se engasga. Veres se a embraiagem nao pega muito em cima e esta no fim de vida, dar uma vista de olhos na transmissão se está bem cuidada e tudo o mais, quando fores dar uma volta aperta um pco com ela, tenta meter todas as mudanças a ver se nenhuma salta. Mete a mota a trabalhar e deixa assim estar durante um tempo, para ver se nao aquece mais do que devia, se a ventoinha esta a bulir. E um pco por ai. Mesmo vendo isto tudo poderá haver coisas que é mesmo uma questão de sorte e so se poderão manifestar mais tarde. Acima de tudo analisa bem com quem fazes negocio e a conversa do artista que te esta a vende-la.

Nisto tudo tb ainda sou um pco leigo nesta cenas mas tenho vindo a aprender e espero aprender cada vez mais nao só de conduzir a mota mas como cuidar dela nos aspectos mecânicos mais simples. É sempre uma mais valia.
Muito obrigado pelas dicas
Aparentemente a moto está bem cuidada! De qualquer forma, foi ter em atenção as tuas sugestões blink
Responder
#6

Poderia ficar aqui uma hora a escrever.. mas vou perder apenas 5 minutos do meu precioso tempo...

Quanto ao motor:

- Verificar se existe "óleo babado" nas zonas de encaixe das tampas, cárter e cabeça. O material deverá ter um aspecto seco. Desconfiar quando o motor está gordurosamente lustroso.

- Verificar se o material das tampas e cárters não está estalado junto das zonas de aperto.

- Verificar os parafusos das tampas de motor e sobretudo os da cabeça. Procurar sinais de desgaste ou má utilização de ferramenta.
Por norma os parafusos são seladas com um risco de tinta. Confirmar esta marcação. Questionar o proprietário sobre as razões de tal intervenção caso aparente tal.

- Verificar o aspecto do aperto do tensor. Verificar se há marcas de ferramentas nos parafusos.

- Observar a coloração dos colectores. Ao longo do envelhecimento da moto estes vão mudando de cor passando pelo amarelo até atingir o castanho escuro quase preto. Alguns materiais durante um periodo de tempo podem apresentar a cor azulada.
A mudança de cor deverá ser gradual e progressiva desde a saída do motor até cerca de 50cm. Motos com pouca quilometragem deverão ter um estado de colector a condizer.
Nenhuma moto com 15.000 km reais tem os colectores completamente torrados a não ser que tenha levado valentes esfregas.

- Ligar o motor e perceber se "custa" a pegar. Desconfiar quando o motor de arranque dá mais mais de 3 a 4 ciclos para arrancar.

- Com o motor ligado escutar a zona das válvulas. Desconfiar de batidas secas como se fosse uma máquina de costura. Ouvir várias motos identicas para ter uma referencia é boa ideia.

- Com o motor ligado apertar a embraiagem. O som da caixa deverá mudar ligeiramente de tom.

- Verificar o estado do miolo do escape e respectiva cor que deverá ter uma cor cinzenta acastanhada. Não deverá ter aspecto oleoso nem parecer que tem uma uma camada espessa de carvão.


Quanto às suspensões:

- Verificar o estado dos retentores. A borracha deverá estar com aspecto saudável e sem sinais de fissuras e muito menos marcas de oleo.

- Apertar o travão e puxar a moto para trás/frente e testar a forquilha. O afundamento deverá ser progressivo e sem sentir "prender".

- Apertar o travão e puxar a moto para trás de forma a esticar a forquilha ao longo do seu curso. Analisar eventuais marcas ou vincos. No caso de um acidente que empene a forquilha, as marcas vão estar na zona junto ao aperto na mesa e no local de curso minimo.

- Verificar se o amortecedor traseiro não tem "oleo babado". Caso seja regulável verificar se não está já na sua carga máxima e testar sentando na moto. Usar o peso do corpo para verificar até que ponto este movimento influencia o esticar a corrente.

Quanto a travões:

- Passar os dedos nos discos e procurar sinais de desgaste. O discos deverão estar sem irregularidades na zona onde a pinça aperta. Em motos com 50K+ poderá se sentir uma irregularidade na extremidade, mas não deverá sentir como se estivesse afiada.

- Travar ao máximo e depois largar. Em seguida dar alguns passos com a moto à mão e sentir se o disco não raspa nas pastilhas, o que poderá significar um disco empenado.

- Procurar sinais de "óleo babado" ao longo de toda a linha, desde o aperto dos tubos na maxila ao aperto na manete. Verificar em torno da tampa do reservatório do fluido.

Quanto á ciclistica:

- Verificar as pontas dos pesos, manetes e dos espelhos por raspadelas que podem não significar um acidente, mas um descuido com danos ligeiros.

- Verificar o pedal de travão e selector de caixa se não está dobrado ou se já foi dobrado. É normal num descuido em que a moto tombe este dobrar, e ao ser endireitado o metal ter ficado vincado.

- Verificar se os suportes das peseiras têm vincos ou sinais de desempeno.

- Procurar marcas nas principais zonas estruturais da moto, nomeadamente onde o braço oscilante e a forquilha é fixada por tinta estalada, vincos ou por camadas de pintura que não pareça ser a original.

- Verificar o aro das jantes por marcas de pancadas, zonas onde pareça "alargar" ou eventuais estalos no alumínio. No caso da moto ter descanso central é muito mais fácil verificar por eventuais empenos.

- Procurar marcas/danos nos apertos dos eixos das rodas e afinadores de corrente.

- Visualmente tentar perceber se a distancia dos punhos ao tanque é idêntica para ambos os lados.

- Se possível experimentar a moto, verificar em andamento o ponto acima. Tirar as mãos do guiador com a moto embalada e sentir se ela pende para um dos lados. Aplicar um pouco de travão traseiro e verificar novamente.

- Verificar o estado dos pneus. Quando os mesmos apresentam desgaste elevado, sobretudo o da frente estar "escadeado" ou com grande desgaste nas extremidades os testes anteriores podem ser negativamente influenciados.

- Verificar o kit de transmissão dentro do que é possível observar. A cremalheira deverá ter os dentes direitos e andando com a moto à mão corrente deverá manter a sua forma. Desconfiar de corrente demasiado lubrificadas ou demasiado secas.


Outros:

- Verificar o aspecto da cablagem que normalmente está visivel junto do forquilha por eventuais fios partidos ou amassados.

- Verificar a cava da roda por eventuais danos, cortes ou modificações caseiras mal feitas.





Muita coisa fica em falta... mas esta checklist já enumera o essencial.
Se me lembrar de alguma coisa importante quando daqui a bocado estiver no wc, efeito resultante do café que bebi enquanto escrevi isto... prometo que actualizo o post!
bigsmile
Responder
#7

Existem várias formas e pistas evidentes de se conseguir averiguar o estado real de uma moto e eventuais problemas. Qualquer leigo consegue ver o estado geral da pintura, plásticos, pneus, sinais de quedas, etc... Mas há coisas muito mais para além disso.
Ainda assim, e como já te disseram nada é garantido. Olha o patrão aqui do forúm que até percebe qualquer coisinha (pouco bigsmile ) disto e foi "engrupido" com a torradeira que comprou.

Depois há certos modelos que têm tendência a dar mais chatices em certos componentes específicos, pelo que deveras procurar informação na net, antes de comprar, acerca dos mesmos e avaliar (caso possas) na visita que faças para ver a mota, como os mesmos estão.

Primeiro que tudo, se não tens experiência e conhecimentos para avaliar o estado geral e mecânico de uma moto usada, tens duas hipóteses:

1ª- Leva alguém com conhecimentos que te possa ajudar a avaliar a moto
2ª- Opta por comprar em stand (e quando falo em stand, é mesmo em stands de motos e não em qualquer sapateiro de esquina que também venda motos), aonde, e por lei, te têm de dar garantia de pelo menos 1 ano. E neste caso pede um documento em que tal seja especificado (normalmente esta garantia de usado é coberta por um seguro de garantia celebrado por uma seguradora) e não aceites vendas com garantia dadas por "boca".

Os cuidados em si, na generalidade serão:

- Pede logo os livros de manutenção e manual do proprietário (normalmente um tipo cuidadoso tem essas coisas e atesta todas as intervenções e revisões que faz), para averiguar o possível historial da moto. Vê ainda se o estojo de ferramentas está na moto.

- Olha bem ao motor, cárter, juntas, veio do pedal das mudanças, etc.... e ver se existem babadelas, sinais de derrame ou manchas de óleo.

- Com o motor a trabalhar em quente, não deverás ouvir barulhos "estranhos", como sejam o restolhar da corrente de distribuição, o "bater" das válvulas deve ser certo (como um "tac tac tac" regular e contínuo). Em ponto morto aperta a manete de embraiagem a fundo e sente se da embraiagem (junto á caixa) vem algum ruído estranho ou de algo solto (indiciando cremalheira de embraiagem com folga).

- Ao ralenti liga as luzes, piscas aperta o travão e vê se existem interferências ou diminuição na luminosidade (evidência que o rectificador de corrente pode estar nas últimas).

- Vê ainda da parte de trás da cabeça do motor os colectores de admissão, se estão rachados, gretados ou ressequidos.

- Analisa o circuito de refrigeração, vaso expansor (deverá ser translúcido), coloração e nível do refrigerante, tubos, mangueiras e estado do radiador (ninho danificado, pancadas ou amolgadelas, etc.)

- Roda o acelerador lentamente ao ralenti e vê se a aceleração é "linear". Larga de repente e a moto deverá voltar de imediato ao ralenti.

- Vê o estado do escape e colectores, sinais de perfuração ou oxidação. Bate e vê se ouves detritos soltos dentro da panela.

- Analisa o estado da transmissão. Se a mota tiver descanso central (ou cavalete), mete-a no mesmo. Analisa as marcas dos afinadores de ambos os lados e vê quanto falta até "esgotarem". Roda à mão a roda traseira e verifica se a tensão é sempre igual no vão entre o pinhão e a cremalheira, estado dos dentes destes (do pinhão é mais dificil pois está escondidas por uma tampa, se não existem estalos ou ressaltos da corrente ao rodar (elos gripados).

- Aproveita ainda para verificar qualquer empeno que a jante traseira possa ter ao rodar a roda e fazendo pressão atrás na mota (se tiver descanso central), faz levantar a roda da frente e repete o procedimento para a da frente, para ver empenos e se a mesma rola livremente e de forma "regular".

- Vê o estado dos discos com o dedo, vendo se o sulco na zona de aperto das pastilhas não é muito acentuado, comparando com a borda do disco. Olha para a espessura das pastilhas e vê qual a superfície de desgaste que ainda têm (menos de 1mm está na hora de trocar). Analisa a cor do óleo dos travões no vaso expansor, e se estiver castanho / castanho escuro, é porque é oleo velho que deverá ser trocado (é coisa barata de se fazer). Mas essencialmente verifica também as tubagens, estado destas especialmente se forem de borracha (gretas, estaladas, fissuras) e desconfia de qualquer macha de óleo nas bombas de travão, tubagens e maxilas.

- Sentado na moto, vê as suspensão traseira com o peso do teu corpo, se o curso é regular. Nas bainhas da suspensão da frente vê se pelos guarda-pós (anel de borracha na extremidade das jarras) não estão a babar óleo (sinal que os retentores estão no fim). De pé ao lado da mota, com o travão da frente accionado, empurra o guiador e vê como se comporta a suspensão da frente, se a bainha não fica suja de óleo e se não sentes estalos na mesa de direcção (caixas de direcção e / ou rolamentos a pedirem reforma). Roda ainda a direcção.... deverás sentir  que o faz de modo uniforme, de um lado para o outro sem zonas aonde "prenda".

- Se puderes e te deixarem dá uma voltinha, vê / sente se o comportamento da mota é normal a acelerar / travar, a fazer passagens de caixa, a passar ressaltos no pavimento, etc... Em andamento tira as mãos do guiador e vê se o mesmo vibra / abana ou se a mota ganha tendência para fugir para um dos lados.

Por fim, se fores devoto.... REZA sempre depois do negócio concluído!!! bigsmile

edit: Dfelix, podias ter-me ligado a dizer que estavas a escrever uma check-lit deste tipo, ao mesmo tempo que eu.... sempre evitava esta trabalheira toda! lol

[Imagem: QKmafvp.png]
Responder
#8

Bom tópico, com excelentes contribuições.

thumbsup
Responder
#9

(02-01-2017 às 12:13)carlos-kb Escreveu:  edit: Dfelix, podias ter-me ligado a dizer que estavas a escrever uma check-lit deste tipo, ao mesmo tempo que eu.... sempre evitava esta trabalheira toda! lol

Na próxima realizamos um comité!
Responder
#10

Muita paciência!

Compras de impulso por norma dão tanga.

Eu andei no mercado desde Setembro e só em Dezembro comprei (tb porque tinha um budget rigoroso e não queria mesmo passar daquilo)

Quanto ao resto, vê diversos modelos e não vás da primeira cantiga. Há sempre uma têndencia para ser o mais breve possivel e por vezes não é a melhor opção.

Em termos mecanicos, não sou certamente o indicado para dar dicas, até porque só tenho o meu piano de cauda à volta de 3 semanas e também procurei o que fazer antes de avançar. 

No meu caso nao percebia/o ainda muito da mecanica da coisa. Fiz um checklist do genero dos post anteriores e fiz o que pude.  Escapou-me a o kit de transmissão que ainda durava mais 3mil Km ( o que vim a saber depois) mas o antigo proprietário chegou-se à frente para essa substituição.

Se fizeres bem o teu trabalho de casa em relação às motas a ver  e tiveres algum calo a lidar com pessoas , consegues à partida fazer com que corra bem.

Claro que num stand é preferivel , logico, garantias etc, mas sai sempre mais caro. 

No meu caso a minha ficou-me por 3250€.

Acho que fiz bom negócio. bigsmile

[Imagem: images?q=tbn%3AANd9GcT4XLIkYtQDw11iDiKFM...g&usqp=CAU]


Responder




Utilizadores a ver este tópico: 1 Visitante(s)